segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Amar é deixá-lo gemer do jeito que quiser


Coisa chata essa de conviver com alguém que parece mesmo sua mãe ou seu pai. Sim, por que tem casais que não viram namorados, viram pai e mãe do outro. Quer controlar o corte de cabelo, o tamanho da unha do pé, a cor das Havaianas, a roupa que vai usar, o jeito que conversa com os amigos, o jeito que geme na hora do sexo. Nunca consegui entender a razão para esse estranho comportamento, tem a ver com um incontrolável instinto materno/paterno, com um desejo reprimido de poder. E se você acha que é exagero, juro que já vi casais que se comportam dessa maneira esquisita. Fico pensando também, se não rola nesses casos aquele clássico encaixe de neuroses. Ela quer controlar, ele quer que alguém o controle. Nesses casos, ultrapassou-se o limite do cuidar. Cuidar é se preocupar com o outro. É levar um agasalho quando percebe que ele está com os braços e a boca gelada no churrasco, mas não quer parar o papo para ir pegar uma blusa. É fazer um esforço para ir buscá-la no trabalho pois sabe que  tem uma chuva das boas chegando. É trocar curativo da queimadura na mão dele, mesmo não tendo talento nenhum para enfermagem. 
No meu humilde ponto de vista, cuidado tem a ver com esses tipos de coisas. Querer determinar a combinação da roupa ou quantas latinhas de cerveja ele vai beber na festa é paranoia. É querer moldar o outro e deixá-lo num formato que você gosta. É malandragem, coisa de gente que, desde o começo, tinha esperança que ia conseguir mudar o outro com o tempo. É golpe baixo. Bom mesmo é treinar todos os dias a conhecer as diferenças e, amá-las se possível. Se não der, já é de bom tamanho respeitá-las. Amor e egoísmo é um paradoxo que não desce bem. É mais indigesto do que os pedaços extras de carne que você insiste em impedir que ele coma no churrasco.

(Com algumas pequenas alterações)


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